Uma das maiores evidencias das diferentes interpretações da Bíblia está no fato de não se saber identificar o que é falado, quando foi falado, por quem, para quem e por que razão. Dessa forma algumas pessoas acabam aplicando a si mesmas coisas que foram ditas ao povo judeu em um determinado momento e com um objetivo específico.
Vamos
exemplificar usando a pregação de João Batista.
Veja que João Batista é um profeta judeu, o último e maior de todos os profetas de Israel. Sua missão é avisar
que o Rei anunciado pelos outros profetas acaba de chegar – lembre-se que há
mais de 300 profecias sobre o Messias e grande parte delas anunciando a sua 1ª vinda - João fazia grande alarde, mas
não para chamar atenção para si mesmo, mas para aquele cuja chegada eles
anunciam. Assim é João Batista. Ele abre caminho para o Messias.
Lucas escreve que (Lc 3:5-6)
"Todo o vale se encherá, e se abaixará todo o monte e outeiro; e o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão".
É claro e evidente que apesar de a mensagem de
João Batista ser dirigida aos judeus, a Pessoa que ele anuncia é o Salvador de
toda a humanidade. Lucas completa dizendo: "Toda a carne verá a salvação
de Deus".
Todos deviam estar preparados. Os que eram
rebaixados como o vale seriam preenchidos de gozo. Os exaltados como os montes
seriam rebaixados de seu orgulho. Os tortuosos, que agiam de má fé, seriam
endireitados, e os escabrosos em sua maneira de agir, seriam aplainados. Se
você ler o capítulo encontrará nesta ordem uma mensagem tanto para o povo
oprimido, como para líderes opressores, publicanos corruptos e soldados
truculentos.
A mensagem de João Batista não é para os dias de
hoje, nós sabemos como a história termina, com a rejeição e morte do Messias. Claro
que arrepender-se e dar bom fruto são princípios válidos para todas as épocas.
A pregação de João é direcionada ao o evangelho do Reino a fim de preparar o
mundo para a vinda do Rei, uma mensagem que já foi pregada e rejeitada. Exceto
por um remanescente, os judeus não se arrependeram e ainda condenaram seu
Messias à morte, desperdiçando a chance de se prepararem para a vinda do Rei
Jesus. Agora ele virá, porém não manso e humilde, mas trazendo uma pá e uma
tocha. João Batista prega o evangelho do Reino para que
as pessoas se preparem para a chegada do Rei.
Os princípios do reino continuam
válidos, como ajudar os necessitados, agir com honestidade e tratar a todos com
bondade. São os mesmos princípios do Sermão da Montanha e servem para a vida em
um reino na terra, não no céu, pois no céu não há necessitados.
Perceba que como o Rei veio, foi rejeitado, e
voltou ao céu, é notório que hoje fazemos parte de um reino cujo Rei está no
exílio. Esse evangelho do Reino pregado por João é o mesmo que Jesus pregou, e
é basicamente uma mensagem de arrependimento e mudança de atitude. Jesus dizia:
"(Mc 1:15) O tempo é chegado... o Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!".
Vamos compreender o evangelho que é pregado pelos cristãos.
Hoje não dizemos às pessoas para mudarem de vida e se
prepararem para a chegada do Rei, como se a salvação fosse algo futuro. A
mensagem que pregamos é para uma salvação imediata.
"(Rm 1:16) é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê".
O nosso fundamento hoje é a morte e ressurreição
de Cristo, que ainda não tinham ocorrido na época de João Batista. Hoje a
pregação consiste no que Paulo pregou ao carcereiro:
"(At 16:31). Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa" Paulo diz: “(1 Co 15:1-4)Por meio deste evangelho vocês são salvos... Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras".
Crer em
qualquer coisa que não inclua a morte e ressurreição de Jesus é crer em vão
O povo judeu pensavam que João Batista era o Cristo, mas o próprio João explica que os batiza com água, enquanto o Cristo "os batizará com o Espírito Santo e com fogo". Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
“(Lucas 3:16,17) Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.
O Espírito Santo é para os salvos; o fogo para os
perdidos. Os primeiros são recolhidos e os outros queimados. Aqui não se fala das "línguas como de
fogo" que desceram no dia de Pentecostes quando a igreja foi formada. Aqui
se fala de fogo consumidor, fogo de juízo, fogo do inferno.
Vale ressaltar alguns pontos importantes:
- As curas e sinais que Jesus faz nos evangelhos servem para revelar suas credenciais de Messias, mas não são elas a razão de sua vinda ao mundo. O mundo não precisava de um curandeiro, o mundo precisava de um Salvador.
- A Lei dada por Moisés não podia curar o leproso, mas Deus sim. Jesus aconselha o homem curado de lepra: "Vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho". A Lei não podia curar, mas instruía como proceder em caso de lepra, e Jesus, Deus e Homem, cura e também respeita a Lei. Por isso ordena que o homem curado apresente-se ao sacerdote e ofereça sacrifícios segundo a Lei.
- Nada disso faria sentido hoje. Não temos um Templo, não temos sacerdotes descendentes de Aarão, e não viajamos a Jerusalém para sacrificar animais. Percebe, o que vemos nos evangelhos ainda está num contexto de judaísmo.
- Paulo, em sua carta aos Romanos, apresenta o evangelho da graça de Deus: "(Rm 6:14) Vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça".
- Jesus foi rejeitado por Israel e entregou sua vida como sacrifício pelo pecado, nos resgatando da maldição da Lei e inaugurando uma nova maneira de Deus se relacionar com o homem. Nos Evangelhos ainda temos os rituais e ordenanças, porém a ordem agora é:
"(Hb 13:13-15) Saiamos até ele [Jesus], fora do acampamento [ou sistema judaico], suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome"
Concluindo a postagem podemos resumir da seguinte forma:
O evangelho do Reino não deve ser confundido com o evangelho da graça de Deus (Atos 20.24), que os cristãos estão pregando atualmente.
O evangelho da graça de Deus promete justificação pela fé em Cristo e um lar com Ele no céu por toda a eternidade.
O evangelho do Reino declara as boas novas da vinda do Rei que estabelecerá Seu Reino, em poder, sobre a terra. Aqueles que vierem a crer no evangelho do Reino quando for pregado (novamente), e forem preservados durante a tribulação (após arrebatamento da igreja), entrarão no Reino para usufruir de suas bênçãos sobre a terra.
Por Dirson Jr
Sou cristão e tenho fé na obra expiatória de Jesus na cruz e no seu sangue como único direito de nossa aceitação perante Deus. Tenho fé que a Bíblia é a Palavra de Deus e é a única autoridade escrita na qual podemos nos apoiar. Reconheço o Senhorio de Jesus o Cristo, cabeça de seu corpo, que é a Igreja (Cl 1.18) sendo ELE o centro de minha vida, e que reconheço também a direção do Espírito Santo, nosso consolador,o qual nos guia a toda a verdade (Jo 16.13). O homem sem Cristo, está em seus pecados e é por natureza inimigo de Deus (Ef2.1-3), a salvação é um ato soberano de Deus (Ef 2.8), e que o homem é salvo mediante a fé, que é dom de Deus.
Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz indagações de cristãos sobre ensinamentos bíblicos, o intuito é esclarece-los baseado no que a Bíblia diz, tudo o que tenho aprendido com irmãos que não contradizem a Palavra de Deus e não colocam fermento em sua interpretação. As conclusões feitas aqui podem não se aplicar a todas as pessoas e situações. Não há a intenção de sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. Os possíveis conflitos de opinião não exime o autor de defender o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida.
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